quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cântico dos cânticos

Por Lislair Leão Marques

*“– Quem me busca a esta hora tardia?
– Alguém que trenas de desejo.
– Sou teu vale, zéfiro, e aguardo
Teu hálito... A noite é tão fria!
– Meu hálito não, meu bafejo,
Meu calor, meu túrgido dardo.
– Quando por mais assegurada
Contra os golpes de Amor me tinha,
Eis que irrompes por mim deiscente...
– Cântico! Púrpura! Alvorada!
– Eis que me entras profundamente
Como um deus em sua morada!
– Como a espada em sua bainha.”

*Poema de Manuel Bandeira (1886 – 1968), pernambucano. Ele foi poeta, crítico literário, professor e tradutor.

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